São
muitos os tipos de erro que um ombudsman pode encontrar analisando seu meio de
comunicação: erros de apuração, erros gramaticais, erros de edição e outros.
Assim como em toda profissão, muitos dos jornalistas não seguem o código de ética do gênero, sendo assim, a
presença de um ombudsman pode ajudar a evitar que esse tipo mais grave de erro
aconteça. Pensando na colaboração para o crescimento do jornalismo, o MídiaVisão entrevistou o jornalista Rogério Christofoletti, professor,
pesquisador e autor de diversos livros, entre eles, “Ética no Jornalismo”. Confira:
Rogério
Christofoletti: O que determina se um profissional é antiético ou
ético não é o diploma que ele pode vir a portar. Seguir padrões de conduta,
cultivar valores, ter preocupações com seus atos, refletir sobre o seu agir vai
muito além de simplesmente frequentar a escola. A formação ética de uma pessoa
passa por diversas fases e por vários grupos sociais. Por isso, não depende do
diploma. Se fosse assim, poderíamos ficar tranquilos quando chegamos a um
consultório médico e observamos o diploma dele pregado na parede. Ora, é um
médico formado, então, não preciso me preocupar com algum desvio ético dele…
não é tão simples assim. Todavia, é importante ter uma formação sólida do
ponto de vista dos conhecimentos práticos, dos teóricos e dos profissionais. Na
universidade, o estudante tem uma ótima oportunidade de discutir esses
aspectos, de simular situações-limite, de experimentar caminhos.
MídiaVisão: Você
acha que existe algum problema no modo em que a ética é ensinada nas
faculdades?
Rogério Christofoletti: Vejo
alguns problemas sim. O primeiro deles é resultado de uma grande contradição:
professores, alunos e gestores de ensino – todos! - dizem que a formação ética
é importante, crucial para os profissionais. No entanto, se você for observar
os currículos dos cursos notará que a disciplina é oferecida em dois ou quatro
créditos apenas, que é oferecida muitas vezes por advogados, filósofos ou
padres (profissionais que nunca pisaram numa redação e, portanto, desconhecem
os dilemas práticos do jornalismo), que é oferecida junto com conteúdos
jurídicos (o que reduz ainda mais a sua carga horária), entre outros
aspectos. Um dos argumentos mais usados é que ética é um conteúdo
transversal e ele deve perpassar todos os demais. Ótimo. Mas não é assim que se
vê por aí. Defendo que esses conteúdos sejam oferecidos com mais generosidade e
atenção nos cursos.
MídiaVisão: Até
que ponto o ombudsman pode contribuir para o leitor confiar no jornal?
Rogério Christofoletti: Pode
contribuir na medida em que faz o seu trabalho bem, exercendo uma crítica que
exponha as fragilidades do jornal e seus profissionais e que contribua para o
seu aperfeiçoamento. O ombudsman não pode atuar como um buldogue do jornal; nem
como seu marqueteiro...
MídiaVisão: Os
jornalistas lidam com as críticas que recebem de uma maneira diferente dos
outros profissionais?
Rogério Christofoletti: Não
sei dizer outros profissionais, mas jornalistas são bastante refratários às
críticas. Geralmente, somos muito bons para apontar os problemas dos outros, os
erros alheios, as fraquezas de terceiros. Quando alguém aponta para o nosso
lado, geralmente, ficamos muito irados e conclamamos o mundo em prol da
liberdade de expressão, da liberdade de imprensa. O Eugenio Bucci - em Sobre
Ética e Imprensa (Cia das Letras, 2000) - chamou esse comportamento de Síndrome
de Autosuficiência Ética; também comento um pouquinho isso no meu Ética no
Jornalismo (Contexto, 2008).
0 comentários:
Postar um comentário