segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Porque há tão poucos ombudsman?


Como já foi visto várias vezes neste blog, são várias as vantagens de se contratar um ombudsman: aumento da credibilidade e interação com o leitor, ouvinte, telespectador ou internauta, são algumas delas. Apesar disso, são pouquíssimos os meios de comunicação que possuem este profissional: A Folha de S. Paulo, O Povo e as emissoras da EBC, Empresa Brasil de Comunicação.
Há ainda casos como o da TV Cultura, em que o ombudsman foi implementado mas não deu certo, segundo especialistas, pela TV não permitir que o profissional exercesse sua função em plenitude.

Quando se pergunta aos representantes de um meio de comunicação as vantagens que um ombudsman daria a tal meio e porque um não é contratado, raramente se obtém uma resposta a não ser pessoalmente.

Marco Massiarelli durante o 11º Simpósio de Jornalismo da Unimep - Foto: Luana Ruiz
Conversamos com o jornalista Marco Massiarelli, diretor da CBN Campinas sobre o assunto durante o 11º Simpósio de Jornalismo da Unimep e a conversa pode ser ouvida abaixo na íntegra.

 


Também conversamos sobre o tema com o jornalista Wilson Marini, editor-executivo da APJ, Associação Paulista de Jornais.

MídiaVisão - Quais são os maiores ganhos de um jornal ao contratar um ombudsman?
Wilson Marini - Se o programa for bem executado, se trata de uma ferramenta a serviço da própria Redação, que terá em tempo integral um profissional equidistante da rotina diária e sem envolvimento na produção, mas experiente, e que irá defender o trabalho jornalístico nos pontos em que for questionado incorretamente. Ao mesmo tempo, irá mediar a solução de eventuais falhas, o que colaborará para a melhoria da qualidade do próprio trabalho jornalístico. Perante o público leitor, o ombudsman representa um ganho de credibilidade à medida que demonstra na prática a disposição do veículo de ser transparente e rever posições e informações quando estiver equivocado.

MídiaVisão - Todos os jornais deveriam ter esse profissional? Seria viável para jornais de pequeno e médio porte?
Wilson Marini - Não necessariamente. A contratação de um ombudsman não é a única estratégia de controle de qualidade, nem é imprescindível a meu ver, se existirem programas internos que façam a auto-crítica e permitam a abertura da Redação para a revisão de suas publicações no sentido de corrigir erros e rotas. E também manter canais abertos aos leitores. Em relação aos jornais de pequeno e médio porte, seria preciso analisar caso a caso. Mas em geral não se trata de custo, mas da disposição de manter um ombudsman. É uma instituição relativamente nova na imprensa brasileira e com poucas experiências. A tendência tem sido a de criar e fortalecer canais de comunicação com os leitores. 

Wilson Marini, da APJ - Foto: Larissa Lima


MídiaVisão -  Qual é a importância de um espaço no jornal para se falar sobre os erros cometidos pelo jornal, na falta de um ombudsman? 
Wilson Marini - Os erros formais devem ser retificados e com clareza, em espaços apropriados para isso. De forma geral, os jornais têm aperfeiçoado mecanismos desse tipo, por meio das erratas ou refazendo a matéria de modo a contemplar num segundo momento uma visão ou uma declaração que ficou prejudicada. Internamente, é importante que haja disposição para ouvir os leitores e as fontes que se sintam prejudicadas e tomar providências dentro de uma conduta técnica. 

Mídia Visão - O que o senhor acha da lei que regulamenta o direito de resposta para pessoas que se sentem ofendidas por reportagem jornalística publicada ou exibida nos meios de comunicação?
Wilson Marini - Desnecessária e inócua na maioria dos casos. Sou mais favorável à auto-regulamentação. A ética não pode ser imposta. A lei somente faria sentido em casos extremos.

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